segunda-feira, 16 de abril de 2012

Cárie também tem a ver com a genética

Cárie também tem a ver com a genética

A influência da genética sobre as cáries dentárias foi comprovada pela Dra. Renata Iani Werneck, CD que procurou estudar o assunto depois de muito observar o comportamento de seus pacientes e respectivas famílias.Mesmo em condições semelhantes de bons hábitos regulares de higiene oral, alguns grupos familiares mostram maior propensão à carie do que outros.

Numa tese de doutorado defendida na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), ela provou que os genes têm a ver com as cáries, além do que as pessoas mais suscetíveis têm até nove vezes mais incidências da doença do que as que possuem proteção. “Eu não consigo saber qual é o gene, mas posso dizer que ele existe, que foi detectado pela análise”, disse a CD em entrevista à Revista Época e ao portal G1.

Estudo foi feito com segregação complexa

Dentre as três doenças crônicas mais comuns nos consultórios odontológicos, a cárie é uma delas, junto com a doença periodontal e a má oclusão. Cerca de 60% a 90% das crianças em idade escolar e a maioria dos adultos são afetados diretamente pela cárie dental. São dois os fatores variáveis ambientais importantes que contribuem para a predisposição da doença: idade e gengivite. Ainda segundo a Dra. Renata,quanto mais novo o paciente, mais proteção.

Quanto ao trabalho realizado, explica que “embora um componente genético para suscetibilidade à cárie já tenha sido demonstrado em pesquisas anteriores, a exata natureza e a extensão deste componente é ainda desconhecida”. A partir dessa investigação, ficou claro que a literatura científica se limitava a mostrar análises primárias, que apontaram para genes do sistema imunológico e do esmalte dentário como fator do desenvolvimento da cárie. O estudo feito de segregação complexa feita pela CD foi mais além. E, com base nos resultados obtidos, ela tentará avançar, colhendo o DNA dos pesquisados, para trabalhar seu código genético.

Variáveis ambientais em colônia de hansenianos

Para desenvolver a tese de influência genética sobre as cáries, Renata trabalhou com parentes de 11 famílias da Colônia Santo Antônio do Prata, que reúne pacientes hansenianos desde 1920 no Interior do Pará e funciona em regime de isolamento até hoje. Foram pesquisadas 451 pessoas cujos hábitos alimentares e de higiene oral são iguais. Outro detalhe importante foi que nesse lugar a dieta é rica em elementos cariogênicos, os padrões de higiene oral são baixos e a água utilizada não contém flúor, substância que funciona bem na prevenção da cárie. Daí a escolha pela colônia. “Sabe-se que a cárie sofre grande influência das variáveis ambientais. Se a minha amostra tem muita força dessas variáveis, eu não consigo olhar para o efeito genético. Trabalhando com essa população, eu consegui controlar as variáveis antes da coleta de dados”, concluiu. Do total da população pesquisada na colônia, 86 tinham hanseníase e esta doença não influencia na prevalência de cáries.

Que Brasil desejamos para nossas crianças em 2016?

Que Brasil desejamos para nossas crianças em 2016?

Synésio Batista da Costa

As Olimpíadas do Rio 2016 serão uma nova oportunidade para o Brasil olhar para o futuro. Muitos dos pequenos brasileiros de hoje virão a ser os atletas olímpicos daqui a sete anos. Eles competirão em estádios construídos por operários, muitos deles frutos de uma geração com poucas oportunidades, mas que poderão vivenciar as conquistas de seus filhos.

Do ponto de vista econômico, conseguimos inúmeros avanços, temos hoje uma economia com bases sólidas, a inflação sob controle e parâmetros financeiros de primeiro mundo, atingimos "Investment Grade" (recomendação de investimento), fomos os últimos a entrar na crise e os primeiros a sair dela. Enfim, sopram ventos favoráveis para mudanças estruturais na educação, na saúde e na qualidade de vida, especialmente para as crianças.

Por isso, com a missão de organizar o principal evento esportivo do planeta, e com indicadores econômicos tão positivos, os nossos governantes têm pela frente a chance de serem os operários na construção de uma geração campeã, vitoriosa na formação educacional, com ampla oferta de oportunidades e de um horizonte mais glorioso. Um exemplo de que os jogos poderão trazer avanços é a medida que prevê o ensino de inglês, a partir de 2010, aos adolescentes das escolas municipais cariocas. Muitas outras mudanças e inovações como essa também estão por vir.

Afinal, hoje somos uma das maiores economias do mundo e um dos principais países emergentes ao lado da Rússia, Índia e China (BRIC), também integramos o G20 e, por diversas vezes, somos reconhecidos como liderança na América Latina e no cenário mundial.

Entretanto, em relação à educação, de acordo com um ranking elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que monitora o cumprimento de metas alcançadas pelos países para melhorar o ensino, o Brasil ocupa a 80ª posição em uma lista de 129 países, ficando atrás de nações como Paraguai, Venezuela, Argentina, Kuwait e Azerbaijão.

Além disso, o Brasil é o 75º colocado no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) medida esta que compara a riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e outros indicadores de 182 países do mundo. Isso se deve ao fato de milhões de crianças brasileiras serem de famílias que vivem abaixo da linha da pobreza, se encontrarem sem vagas em creches, nunca terem ido à escola, frequentarem escolas de péssima qualidade e morrerem por doenças que poderiam ser facilmente evitadas como a diarreia e a desnutrição.

Apesar de termos muitos desafios pela frente, nossa visão é otimista, vemos as Olimpíadas como marco de uma nova nação rumo ao primeiro mundo, não só nos esportes, mas em todos os aspectos. E para que esse objetivo seja atingido, será necessário um investimento de aproximadamente 30 bilhões em obras públicas que também irão beneficiar e inspirar as milhares de crianças que, em 2016, certamente serão 60 milhões* de vencedores.

Nosso desejo é o de sermos protagonistas do futuro do Brasil que terá 100% das crianças matriculadas em creches e escolas de qualidade, livres do trabalho infantil, com registro civil, bem nutridas, protegidas de qualquer forma de violência ou opressão. Enfim, que os nossos futuros campeões tenham todos os seus direitos garantidos e possam se orgulhar por fazerem parte do primeiro país da América do Sul a sediar uma Olimpíada.

Esperamos que até o Natal de 2016 possamos comemorar o cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. Que o espírito olímpico vivenciado por aqui traga consigo todo o progresso que exige. Este é o Brasil que desejamos para as nossas crianças daqui a alguns anos.

*(número de crianças e adolescentes, de acordo com a PNAD-IBGE 2007)

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Câncer de boca atinge mais jovens

Câncer de boca atinge mais jovens

Aumento de casos entre pessoas com 30 a 45 está ligado à prática de sexo oral sem proteção

O câncer bucal sempre foi mais comum entre homens acima de 50 anos, principalmente os tabagistas ou alcoólatras. Mas pesquisas indicam que a doença tem crescido entre pessoas mais jovens, entre 30 e 45 anos, sendo que o principal precursor é a prática de sexo oral sem proteção.
De acordo com o médico oncologista Henrique de Lins e Horta, da clínica Oncomed BH, o câncer de boca associado ao vírus HPV, diferentemente dos casos relacionados ao fumo e ao álcool, afeta mais comumente as amídalas e a base de língua, sendo habitualmente tumores pouco diferenciados. “Na maioria dos casos, a sobrevida e a resposta ao tratamento dos pacientes com esse tipo de câncer é melhor do que os casos associados ao cigarro e à bebida”, completa.
Mas os sintomas do câncer bucal causado pelo HPV são os mesmos: úlceras orais que não cicatrizam, lesões vegetantes, dor e sangramento na boca, dificuldade para engolir e nódulos na região do pescoço. “Normalmente, a infecção do HPV é assintomática. No entanto, mesmo a pessoa não apresentando sintomas, ela pode transmitir o HPV por via sexual”, alerta o médico. Ele também frisa que não são todos os subtipos de HPV e não são todas as infecções pelo HPV que irão evoluir para um câncer.
Henrique Horta afirma ainda que estudos de caso-controle têm sugerido que os tumores de cabeça e pescoço causados pelo HPV estão associados a um número elevado de parceiros sexuais. Os estudos também têm demonstrado que pacientes acometidos por esse tipo de câncer têm grande risco de desenvolver cânceres na região anogenital (colo de útero, vulva, vagina, pênis e ânus).
“Portanto, uma das formas de se prevenir é praticar sexo seguro. Um detalhe importante: o uso de preservativos diminui, porém não protege completamente a transmissão do HPV. Outras formas de contágio já foram descritas na literatura, incluindo o beijo”, alerta o médico. O tratamento do câncer de boca geralmente é multidisciplinar, podendo se valer de cirurgia, radioterapia e quimioterapia, sendo que a taxa de resposta, geralmente, é maior nos casos associados ao HPV.
Um outro aspecto importante a se destacar é que já existem vacinas contra alguns subtipos do HPV. “Apesar dos principais estudos realizados até o momento terem avaliado a prevenção de verrugas genitais, câncer de colo de útero e região anal, indiretamente acredita-se que a vacina também possa prevenir alguns casos de câncer da região oral associada ao vírus”, finaliza o médico.