Cárie também tem a ver com a genética
A influência da genética sobre as cáries dentárias foi comprovada pela Dra. Renata Iani Werneck, CD que procurou estudar o assunto depois de muito observar o comportamento de seus pacientes e respectivas famílias.Mesmo em condições semelhantes de bons hábitos regulares de higiene oral, alguns grupos familiares mostram maior propensão à carie do que outros.
Numa tese de doutorado defendida na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), ela provou que os genes têm a ver com as cáries, além do que as pessoas mais suscetíveis têm até nove vezes mais incidências da doença do que as que possuem proteção. “Eu não consigo saber qual é o gene, mas posso dizer que ele existe, que foi detectado pela análise”, disse a CD em entrevista à Revista Época e ao portal G1.
Estudo foi feito com segregação complexa
Dentre as três doenças crônicas mais comuns nos consultórios odontológicos, a cárie é uma delas, junto com a doença periodontal e a má oclusão. Cerca de 60% a 90% das crianças em idade escolar e a maioria dos adultos são afetados diretamente pela cárie dental. São dois os fatores variáveis ambientais importantes que contribuem para a predisposição da doença: idade e gengivite. Ainda segundo a Dra. Renata,quanto mais novo o paciente, mais proteção.
Quanto ao trabalho realizado, explica que “embora um componente genético para suscetibilidade à cárie já tenha sido demonstrado em pesquisas anteriores, a exata natureza e a extensão deste componente é ainda desconhecida”. A partir dessa investigação, ficou claro que a literatura científica se limitava a mostrar análises primárias, que apontaram para genes do sistema imunológico e do esmalte dentário como fator do desenvolvimento da cárie. O estudo feito de segregação complexa feita pela CD foi mais além. E, com base nos resultados obtidos, ela tentará avançar, colhendo o DNA dos pesquisados, para trabalhar seu código genético.
Variáveis ambientais em colônia de hansenianos
Para desenvolver a tese de influência genética sobre as cáries, Renata trabalhou com parentes de 11 famílias da Colônia Santo Antônio do Prata, que reúne pacientes hansenianos desde 1920 no Interior do Pará e funciona em regime de isolamento até hoje. Foram pesquisadas 451 pessoas cujos hábitos alimentares e de higiene oral são iguais. Outro detalhe importante foi que nesse lugar a dieta é rica em elementos cariogênicos, os padrões de higiene oral são baixos e a água utilizada não contém flúor, substância que funciona bem na prevenção da cárie. Daí a escolha pela colônia. “Sabe-se que a cárie sofre grande influência das variáveis ambientais. Se a minha amostra tem muita força dessas variáveis, eu não consigo olhar para o efeito genético. Trabalhando com essa população, eu consegui controlar as variáveis antes da coleta de dados”, concluiu. Do total da população pesquisada na colônia, 86 tinham hanseníase e esta doença não influencia na prevalência de cáries.